18.4.10


"Ando sem pressa, sem vontade de atalhos. O tempo me ensinou sobre caminhos longos e a quantidade de flores que podem existir nas beiradas de estrada. Ando sem espelhos, sem reflexos, sem ilusão. Ando com as mãos livres, de braços abertos ao futuro que me espera na próxima curva.Tenho pensado sobre pedras. Quantas vezes eu inventei de mudar o caminho para não enfrentá-las. Talvez porque fosse fraca, talvez porque, às vezes, achei que só podia chorar e aceitar um destino. Percebo que agi errado ao tentar transpor a pedra cavando um túnel com uma colher de sobremesa. Aprendi a contorná-las, sempre de mãos dadas com pessoas de coração quente.De tudo o que passa, resta-nos o amor e a saudade pela vida-fantasia encenada dentro de nós. Resta-nos a lembrança de quem precisava apenas cruzar nossos caminhos para ensinar e aprender algo. E temos ainda a companhia de quem elegemos pra compartilhar a estrada, mesmo que um dia, ela descubra que as placas de seu destino indicam que deva virar à esquerda no próximo quilômetro. (Ou quem sabe, elas indiquem apenas para caminhar lado a lado, para todo o sempre – mesmo que ele não exista)."


Ana Flavia Alberton

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