18.9.10

QUE ME VALHA...



"Só quando não sei mais nada,

sinto que realmente me vale a pena.

De Pessoa, que dizia, que sempre valia, quando a alma não é pequena.

Sem nada saber sou imensa , incontida em mim mesma,

gigante a observar sobre tudo.

Vale sim, vale assim, sempre vale."

Luli

14.9.10

Ponte




"Frágil ponte entre dois ecos.


De mim, que sou e do que tento ser."




Luli

2.9.10

Fractal

" Instabilidade e caos, em teoria. Fractal, pi e todas as possíveis infinitudes permitidas.
Eu, aleatoriamente a desvendar coincidências, acasos inexistentes, nossa parca realidade representada em equações.
O improvável, o imprevisível, desproporcionalmente caótico, simplesmente irracional.
Meu bater de asas, nada inofensivo e a culpa da borboleta do outro lado do planeta.
Efeito dominó, aumentando a incerteza dos eventos futuros, a esmo, o aleatório amplificado... infinitamente... fractal."

Luli

4.8.10

Anatomia do destino





"De tanto ver e tudo ouvir, resta sempre um não saber...



em cada segundo parece menor o sentir...



a confusão se instala, num átimo...



a decisão desiste... e segue o fluxo...



Já dizia Hilst, do fluxo-floema... "Calma, calma... Tudo não é assim escuridão e morte. Calma. Não é assim?"



Inexorável destino.



Me disseco em palavras."






Luli



14.7.10

DeScOnExO


"Perplexos pensamentos, indignados com meus conformismos mentais...
Busco o nexo, a causa inconteste, o contexto necessário a vida...
A própria, e seus anexos,
conveniências, formalidades, ritos...
tudo quanto contesto...
Inclusive essa busca insensata e inevitável...
A esmo e assim mesmo..."
LuLi

19.6.10


"Me fascina o prazer fortuito,

a excitação do inesperado,

o salto no escuro.

O gemido nunca ouvido,

a voz não existente nos guardados da memória.

O não saber... sem expectativas,

o momento em si e mais nada.

Apenas o que sobra além disso,

o sorriso, a lembrança

o que fica do que vai e não mais volta."



LuLi

15.6.10

Novos fragmentos




"Reticências me levaram a exaustão, eis me aos trapos, a remendar-me.


Arremedo de vida a redefinir, refinando limites.


Penso em solidão, balas, caos, solução, cigarro e aspirinas.


Todos os tempos verbais nos pecados nossos de cada dia, em todos os nossos dias.


Desde sempre a reproduzir o inacabado bordado.


Sismo cá com os meus botões, que não sei mais.


Nunca soube, aliás."




LuLi

14.6.10




"Nada é por acaso senão o ocaso."
LuLi

10.6.10

Perspectiva a luz do enlouquecimento


"Habituando-me a solidão, a meu ver, indispensável, ainda que pese em demasia sobre as ancas. Não que seja avesso ao convívio social, mas me repugnam as tradições, costumes, imposições e conveniências.

Isto me impele a esgueirar por entre tudo, a tentar não sucumbir ao resvalar em seus restos espúrios. Todas vãs, pois já há impregnado nesta rude superfície que me recobre, estigmas suficientes, soma de tudo e de todos, ainda sim resumida a nada.

Minha tensão psíquica impele ao delírio e de seu topo avisto a luz do enlouquecimento, na qual me apoio, deste ponto de vista, meus paradigmas perdem toda significância e se tornam mero acalento moral.

Tudo o que há e é tem um tanto de pretensão a certo embuste. Desconfio que o mundo se repete, ainda indefinido como o grego pi.

Fato, a vida oferece infinitas perpectivas. Hoje a vejo impalpável, ignota, impensável, incompreensível."


LuLi

30.5.10

Reticências... plus...



"... de que se alimentam seus pensamentos?
... reação é tudo aquilo que se mexe...
... definitivamente, pensar enlouquece..."
LuLi

25.5.10




"Meu mundo, como um gato, deu uma cambalhota, e caiu em pé..."

LuLi

21.5.10

Bilhete vaporoso


Thelma, luz dos meus dias, faltam respostas tuas pra minha vida.
Desde ontem me pego tão exausta de mim mesma... aos surtos... a magoar quem me quer bem... indecisa, eufórica, limítrofe, tropeçando nos próprios pés desnudos... ainda agora, sem poder dormir e sem me permitir... desabafos na madrugada fria... condensam-se... tomando formas... visíveis agora... cruentos... conscientemente racionalizados...

LuLi

15.5.10

TUDO E TODOS - VOCÊS




Bate, e o som ecoa nesse meu eu vazio... até então, desocupado...


Não sou oca, mas o eco reverbera insistentemente a me atordoar...


Tremo, na fibra tocada onde sua forma fica impressa na minha, os cheiros todos que impregnam, os gostos molhados, as misturas todas do que somos... quentes-brasas palpitantes, chiclete de menta na água fria...


Da magia ao final o que resta?


Eternos segundos extasiantes, hipérboles redundantes, a perpetuarem-se pela vida indefinidamente... abarrotando os arquivos permanentes da memória, dos sentidos, do tudo, eu, toda, enfim... mas, nunca plena."
LuLi

12.5.10

IN pressões


"Demasiado humano pensar que essa coisa de se tornar quem se é aconteça de modo espontâneo, ou seja, parco de esforços e labor, se a cada segundo vencemos pressões incalculáveis...
...da gravidade ao abrirmos os olhos, dos braços e pernas a espreguiçarem-se, de todo o corpo a saltar da cama... dos cheiros a nos impelir a higiene... olhar no espelho e se enxergar por dentro, qual Blimunda de Saramago, para deter-se, e então ceder, a mais pressões...
...da urina a exigir o alívio, do sangue a espalhar-se por tudo, das células a suplicar respirações e alimento constante... na iminência da vida.
De mais pressões se faz o homem... o eterno fluxo e refluxo...
...da mente e seus pensamentos a concatenar raciocínios, estipular ações, articular movimentos, a aprender, a ensinar, a conviver, isolar, a saber ser, involuntariamente, submetido a pressões que, enfim, somos... desde a concepção."

LuLi

11.5.10


"Baldes de água gelada nos aguardam sobre as portas semi-cerradas dos sonhos... hoje sou só desilusão"
LuLi

6.5.10

Oculto ser...


"Se desapareço-sumo, oculto-me para ressurgir renovada,
cara-alma lavada,
mente-novelo repleto de mil novas tintas
e outras tantas ferramentas para tecer essas letras."
LuLi

29.4.10

Dos instintos


"O sexo não exige sentimentos, apenas pede sintonia, cadência, ritmos, sincronicidade.... do olhar que busca a resposta, do gesto a demonstrar o interesse, do lábio a instigar o beijo, da língua a envolver-se em tudo, dos dentes e unhas a provocar arrepios, dos dedos a reconhecer seus caminhos, do peito o palpitar incessante, dos pêlos a eriçarem-se todos, do fluxo a procura do efluxo.
Do instinto, as esperadas respostas."

LuLi

Insanidade


"Incapacidade de comunicar nossas idéias."


Então todos nós, em maior ou menor grau, somos insanos.

Mas, não confundam insanidade com perda de controle, há duas opções, controlar a mente ou deixar a mente controlar vocês.

Verônika decide morrer
Paulo Coelho

23.4.10

PETER PAN, JUNG, MINHA SOMBRA E EU



"É, ao sol, assim tão inofensiva. Eis a parte mais viva da minha personalidade...a tentar se perder de mim como a de Peter Pan... que fazer? Procurar Wendy, agulha e linha, para que a costure a meus pés?


Daqui, nem se vislumbra que detém tudo que em mim é inaceitável, meu EGO obscuro, o EU primitivo a degladiar com os instintos, personificando tudo o que não tenho desejo de ser, minha personalidade em sua pior experiência, ainda que criativa, espontânea e permissiva.

Impossível erradicá-la, sombra minha, manter-me no escuro, incompleta...

A admito... me liberto aos poucos de sua influência compulsiva... a sombra me faz humana."

LuLi

MeNaS - Experiência no mundo das palavras


LeTraS, que também se unem, como nós, e se transformam. São mais assim, e muito mais. Unidas, uma e outra, e separadas também, necessariamente, em formas quase infinitas e tanto quanto surpreendentes.

Disponíveis aos olhos, aos ouvidos, ao tato, sentidas ou marcadas na pele, de qualquer forma, sempre tatuagens... mentais, reais, sutis, etéreas e eternas."



LuLi

19.4.10


Eu, cá com meus botões..."


LuLi

FRAGMENTOS DE PECADO





Sapatos vermelhos, verniz infantil a ofuscar-me os olhos. Meias alvíssimas, longas e finas pernas, no mesmo tom das meias, a perderem-se das vistas num emaranhado azul-pregueado da sala escolar.


Todos os dias, postava-me ali, no banco a fitá-la. Inclusive quando sabia que ela não estaria lá.


Sua presença indelével, sua energia esfuziante emanava permanentemente e, meus sentidos, inebriados, ainda hojea vêem ali, a segurar os livros de encontro ao colo, olhar baixo e lânguido por entre rubros e cacheados cabelos.


A primeira vista já tive tocada a alma, desde então vivendo aos solavancos dentro de mim.


Das certezas em minha vida, todas anularam-se e passei a um estado de adoração e graça, exultantes em meu peito amor e devotamento àqueles sapatos vermelhos.


Nunca a quis para mim, pois já era minha, já era tudo, da luz que acorda os olhos ao derradeiro suspiro. Passara a habitar em mim como nem eu mesmo habitava.


Talvez, por sorte, ela nunca tenha existido. Por isso, meus sonhos e vida nunca foram frustrados.


Vivi e depois, não mais, por ela e para ela. Sem nunca entender mais nada que não fosse vermelho.


LuLi

18.4.10


Non, Je ne Regrette Rien


"Non... rien de rien...

Non... je ne regrette rien

Ni le bien qu'on ma fait,

Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

Non... rien de rien...

Non... je ne regrette rien

C'est payé, balayé, oublié,

Je me fous du passé!

Avec mes souvenirs

J'ai allumé le feu,

Mes chagrins, mes plaisirs,

Je n'ai plus besoin d'eux!

Balayé les amours

Avec leurs trémolos

Balayés pour toujours

Je repars à zéro...

Non... rien de rien...

Non... je ne regrette rien

Ni le bien qu'on ma fait,

Ni le mal - tout ça m'est bien égal!

Non... rien de rien...

Non... je ne regrette rien

Car ma vie, car mes joies,

Aujourd'hui, ça commence avec toi!"


Na voz de Edith Piaf

"Ando sem pressa, sem vontade de atalhos. O tempo me ensinou sobre caminhos longos e a quantidade de flores que podem existir nas beiradas de estrada. Ando sem espelhos, sem reflexos, sem ilusão. Ando com as mãos livres, de braços abertos ao futuro que me espera na próxima curva.Tenho pensado sobre pedras. Quantas vezes eu inventei de mudar o caminho para não enfrentá-las. Talvez porque fosse fraca, talvez porque, às vezes, achei que só podia chorar e aceitar um destino. Percebo que agi errado ao tentar transpor a pedra cavando um túnel com uma colher de sobremesa. Aprendi a contorná-las, sempre de mãos dadas com pessoas de coração quente.De tudo o que passa, resta-nos o amor e a saudade pela vida-fantasia encenada dentro de nós. Resta-nos a lembrança de quem precisava apenas cruzar nossos caminhos para ensinar e aprender algo. E temos ainda a companhia de quem elegemos pra compartilhar a estrada, mesmo que um dia, ela descubra que as placas de seu destino indicam que deva virar à esquerda no próximo quilômetro. (Ou quem sabe, elas indiquem apenas para caminhar lado a lado, para todo o sempre – mesmo que ele não exista)."


Ana Flavia Alberton

De mim, sem medos


"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite"

Clarice Linspector